Vida e Trabalho: Como lidar com a inveja

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Nova investiga a inveja

Cobiça, olho gordo, mau-olhado... Não importa o nome. A verdade é que essa força do mal assusta muitas de nós. E há quem acredite que ela tem o poder de minar conquistas, esgotar a energia, atrapalhar planos. Mas será que a inveja que os outros sentem de você é real ou trata-se uma desculpa para a sua própria insegurança? Nova coloca o dedo na ferida e passa essa história a limpo.

Texto: Monique dos Anjos | foto: Karine Basilio Sempre fui extrovertida, brincalhona e de bem com a vida", conta a fotógrafa Adriana*, de 27 anos. "por isso costumo provocar olhares de desaprovação de uns e, por que não dizer, inveja de outros. Mas só senti o estrago que o mau-olhado poderia fazer na minha vida quando engatei um namoro com um colega de trabalho. Assim que assumimos a relação, comecei a colecionar problemas. Ele era o bonitão do andar, o que fez muita gente querer estar no meu lugar. Os comentários eram tantos que meu rendimento foi afetado. Chegava ao trabalho cansada e produzia mal. Ao descobrir nosso envolvimento, minha chefe, que já tinha fama de mal-amada, passou a implicar com tudo o que eu fazia. Nossas diferenças tornaram-se tamanhas que tive de mudar de setor. O cara ainda tinha uma ex neurótica, que, por um misto de inveja e ciúme, aprontou as maiores cenas. Uma delas foi entrar no apartamento dele e jogar minhas coisas na rua. Nessa mesma época, ainda fui obrigada a lidar com problemas de saúde, quase perdi meu emprego, atropelei um motoboy no meio da rua... Enfim, tudo o que podia dar errado deu."DURANTE UM ANO E MEIO, Adriana acredita ter sido vítima de cobiça, olho gordo, mau-olhado e outras quizilas. Tudo por causa de um sentimento bem pequeno, mas que, reza a lenda, tem o poder de azucrinar a vida de suas vítimas: a inveja. Para Carmem Seib, autora do livro de bolso Como Lidar com a Inveja (Paulinas), o invejoso não precisa necessariamente querer o bem para ele, mas também não gosta que o outro o tenha. "Mais do que cobiçar, ele não aceita a superioridade alheia naquele aspecto", afirma. As famosas seca-pimenteiras estão em toda parte. Infiltradas entre amigas, sentadas na mesa ao lado, cuidando mais da nossa vida do que da própria. "A inveja é universal, é um sentimento básico. Só que uns sentem mais, outros menos", define o psiquiatra José Ângelo Gaiarsa, autor de dezenas de livros, entre eles Tratado Geral sobre a Fofoca (Summus). Resumo da ópera: pareceque é só conquistarmos algo bacana para aparecer alguém e agourar. Será? Os outros têm mesmo o poder de minar nossas conquistas ou estamos colocando a responsabilidade por nossos fracassos em mãos alheias? Vivemos cercadas de cobras ou andamos por aí cutucando a onça com vara curta enquanto exibimos nossas vitórias? Para você sair dessa encruzilhada, NOVA decidiu investigar a inveja a fundo e descobrir até que ponto a dita-cuja pode influenciar sua vida. Depois desta reportagem, não vai haver mandinga que a derrube.

Olho gordo existe?

A assistente Nilsa de Souza, de 26 anos, jura de pés juntos que já foi vítima desse mau agouro. "Quando fui promovida, percebi que muita gente ficou incomodada. Tive de lidar com tantos comentários maldosos que ir trabalhar virou um suplício", lembra. Para a psicoterapeuta Paula Tonini, de São Paulo, o olho gordo é uma força energética que vem de outra pessoa - nem sempre intencionalmente - e interfere em seu bem-estar e equilíbrio. Quer dizer que ser invejada é sentença para que sua vida fuja do controle? Paula acredita que não. "Se a sua determinação for forte o suficiente para atingir o seu objetivo, nenhuma interferência ganhará dela", afirma. "O problema é quando você fica insegura e questiona o próprio potencial de conquista." A terapeuta holística Vera Caballero faz coro: "O mal do outro só entra pela abertura que damos. Portanto, a responsabilidade é sempre nossa". Resumindo, se ficar acuada, achando que o pensamento negativo de alguém exerce poder sobre você, estará vulnerável. "Sua fraqueza é que determina quanto a inveja do outro vai atingir você", alerta Vera.

 Texto: Monique dos Anjos | foto: Karine Basilio

Colocando lenha na inveja alheia

Não há nada de mais em querer dividir suas vitórias com as amigas. "Sou ansiosa, por isso sempre conto o que me acontece para um monte de gente. Só depois percebo que podia ter ficado quieta", admite a arquiteta Adriana Meneguello, de 31 anos. O problema surge quando, em vez de compartilhar, seu objetivo é se exibir. "Muitas vezes, você desperta o despeito das outras pessoas por se sentir inferior", avisa a psicóloga Luciana Dias, de São Paulo. "Tem a necessidade de mostrar que é melhor que os demais." Às vezes, age assim sem perceber. Convenhamos, será mesmo preciso espalhar aos quatro ventos que recebeu um aumento, por mais merecido que seja? "Desafiamos a inveja com a nossa ostentação e depois reclamamos que fomos vítimas", afirma Zuenir Ventura, autor de Mal Secreto: Inveja (Objetiva).

Álibi para os seus fracassos

Quem não tem dificuldade em assumir o erro quando pisa na bola? Afinal, se a entrevista de emprego não dá certo ou aquele deus grego do fim de semana passado não liga, fica mais fácil transferir o ônus para quem teoricamente botou olho grande. A bancária Thaís Santos, de 29 anos, admite ter agido dessa forma. "Minha chefe avisou que eu viajaria para o Nordeste a negócios. Na mesma hora comentei com todos do escritório como seria o máximo passear nas praias da Bahia. Só que a viagem não aconteceu. A primeira coisa que pensei foi que meus planos tinham ido por água abaixo por causa da inveja dos colegas." Para a psicóloga Valéria Meirelles, de São Paulo, colocar-se na posição de vítima é uma fuga. "Se a inveja tem tanto poder, então tudo o que vem de bom também foi graças às intenções dos outros? E a sua parcela de responsabilidade?", indaga. Precisamos aprender a descobrir o que saiu errado. "O que significa avaliar nossas ações, objetivos e os trilhos tortos pelos quais todos nos embrenhamos", afirma a psicóloga Clarissa de Franco, de São Paulo. Será que não seria mais fácil Thaís admitir que se empolgou demais com algo que ainda não era certo?

Salve a sua pele

Sabe aquela história de que o que os olhos não vêem o coração não sente? É a mais pura verdade. Isso significa que você não deve iniciar uma caça às bruxas, procurando incessantemente quem inveja você. O mais importante é cultivar a autoconfiança, preocupando-se mais consigo mesma do que se a torcida está contra ou a favor. "Do contrário,passará a vida se defendendo e não realizando", afirma Valéria. Cada um tem a sua receita para se livrar da inveja. "Não conheço fórmula mágica, mas sempre peço proteção a Deus e prefiro pensar que, se algo não deu certo, é porque o melhor ainda virá. Não acredito que alguém tenha me prejudicado", conta a analista de marketing Érica Domingues, de 28 anos. Outra saída é usar o seu sexto sentido e ficar em sintonia com pessoas do bem. "Tem gente que gera desconforto, mal-estar. Evite-os", aconselha Valéria. "Se você está feliz consigo mesma, não será contaminada." Já tentou de tudo e ainda assim encontra agourentos no seu pé? A sugestão do psiquiatra Gaiarsa é, no ambiente de trabalho, procurar falar a respeito com seus superiores. "Diga que está sendo prejudicada pela má conduta da colega invejosa. Se ela é do tipo que espalha comentários maldosos a seu respeito ou não lhe passa informações relevantes só para você ficar de fora, comente essas atitudes." Agora, se acompanhia indesejada fizer parte do grupo de "amigas", o melhor é deixá-la o menos informada possível de suas conquistas. Assim, não terá motivo para invejar.MAL NÃO FAZ....
Até a mais cética das mulheres pode se deparar com energias do mal. Luciana Dias e Clarissa de Franco, psicólogas junguianas e astrólogas, sugerem:

Cuidado com aquela amiga despeitada

Ela fica incomodada quando você aparece com roupas novas e sempre faz comentários maldosos? "Fique atenta. Essa moça tem inveja de você e não assume", alerta o terapeuta. "Mas o sentimento dela não fará com que a roupa fique feia. Quem vai fazer isso é você, se der muita importância ao comentário", avisa. Para Gaudencio, a inveja só vai prejudicar se você tiver um cúmplice interno. Por isso, da próxima vez responda ao comentário maldoso com um belo "Mas eu gostei, obrigada".

Não confunda com autosabotagem

Até que ponto você não está minando seus projetos e usando a inveja como explicação? "Há pessoas que constroem um muro pondo tijolos durante o dia e retirando-os durante a noite", afirma. São aquelas cheias de conflitos internos. Em vez de resolver seus fantasmas, culpam o outro. Gaudencio define a inveja como uma desculpa verdadeira. Mas que não deve ser usada para fugir da responsabilidade. "Você pode até ser alvo de uma despeitada, só que pior do que a ação de alguém de fora é a auto-sabotagem."

Boca fechada

Cuidado com o que fala - e para quem. É natural que a amiga que acabou de levar o maior fora fique mal ao saber que três gatos ligaram para você nesta semana. "Em vez de se preocupar em contar seus sucessos, que tal focar essa energia para ajudar os outros?", sugere o terapeuta. 

Assessora de Marketing Idealizadora do Love Story Noivas Aryane Moren 
Responsável pelo departamento fiscal da Konkista Mix
Adoradora de Deus.